Os Deuses da Mudança: Como renascer em tempos de crise e transformação

May 29 / Milena Ruffino

NOTA: este artigo foi escrito com base no livro Deuses da Mudança: Uma Nova Abordagem da Astrologia, de Howard Sasportas e tem como objetivo compartilhar exemplos pessoais e refletir sobre como podemos dar sentido e propósito aos momentos de crise e transformação ao longo da vida.

Tudo o que sabemos nessa vida é que é impossível viver profundamente sem atravessar momentos de crises, rupturas e mudanças importantes. O que significa que a grande questão aqui é o papel que a transformação e a crise representam no nosso processo de crescimento e evolução. Não é sobre “como evitar a dor e a crise”, mas sim “como usar esses tempos de angustia para nos fortalecer”. É a famosa frase “Nada acontece por acaso” e, sendo assim, como podemos entender e usar esses períodos para nos reinventarmos?

Nós, como seres humanos, estamos sempre em busca de respostas — de sentido para as coisas. Jung escreveu certa vez: “O sentido torna suportável uma grande parte das coisas — talvez tudo.” Nesse contexto, a Astrologia nos oferece uma poderosa lente para compreender os ciclos de transformação que vivemos. 

Estudamos, especialmente, os trânsitos de três planetas que são considerados os grandes Deuses da Mudança: Plutão, Netuno e Urano. Seus movimentos marcam períodos de revisão profunda, desconstrução e despertar. Reconhecer esses trânsitos pode ser o primeiro passo para atribuir sentido àquilo que estamos vivendo e, assim, encarar a crise com coragem e consciência.

Plutão: A Fênix, o Renascer das Cinzas
Considerando que tudo na Astrologia é essencialmente simbólico, começamos por entender o que Plutão representa. Ele é o menor planeta do sistema solar, o mais denso e o mais distante — portanto, também o mais lento. Seus trânsitos podem durar até cinco anos e, por isso, seus efeitos são profundos, transformadores e duradouros.

Na mitologia grega, Plutão era Hades, o deus do submundo, do Tártaro. E o que isso nos revela? Plutão rege aquilo que está nas camadas mais íntimas e ocultas do nosso “eu interior”: crenças profundas, padrões enraizados, verdades que carregamos sem questionar. Seu movimento é sutil, mas poderoso — ele não passa sem deixar marcas.

Plutão nos empurra para o fundo do porão da alma. Remexe memórias, provoca desconfortos, desmonta estruturas. E, ao fazer isso, nos convida a repensar intensamente o que ainda faz sentido manter… e o que precisa morrer. Ele fala sobre vida-morte-vida. Sobre o poder de renascer mais fortes, mais inteiros, mais autênticos. Plutão nos oferece a chance de revitalizar nossa força interior, despertar a resiliência e reconectar com o nosso poder pessoal mais verdadeiro.

Para mim, o último grande trânsito de Plutão aconteceu na área ligada à casa, ao lar, ao domicílio e à família — há cerca de 10 anos. Eu morava com meus pais. Enfrentamos crises e mudanças de casa, não por vontade, mas por necessidade e questões financeiras.

Foi um período intenso, de muitas instabilidades e desconstruções. E foi ali que eu comecei a entender que "lar" não é, necessariamente, um espaço físico. Lar é relação. É presença. É quem está com você. Foi uma grande revisão de conceitos, de pertencimento, de segurança que carrego comigo até hoje.

Netuno: O Senhor dos Mares e das Águas Profundas
Netuno é o Poseidon da mitologia grega — o deus dos mares, das águas profundas. E se pensarmos…como enxergamos o mundo quando estamos debaixo d’água? A percepção muda. A visão se distorce. E é exatamente isso que Netuno representa: um aumento da sensibilidade, da intuição, da imaginação e a dissolução de fronteiras entre o “eu” e o “todo”.

Netuno nos convida a compreender que fazemos parte de algo maior e que esse algo maior também vive em nós. Seus trânsitos são convites à empatia, à entrega, à abertura de consciência para uma visão mais altruísta e coletiva da vida. Em seu lado sombra porém, pode embaçar nossa visão, gerar ilusões, enganos e fantasias desconectadas da realidade — o que pode nos levar a decisões equivocadas e frustrações futuras.

A grande pergunta aqui é: Como diferenciar intuição de fantasia? A resposta está no estudo do seu mapa natal — a posição de Netuno e os aspectos que ele forma ao longo dos seus ciclos nos ajudam a dar essa pista.

Meu último trânsito de Netuno foi pela casa 6 — a área que fala sobre trabalho, rotina, cotidiano e saúde. E, com a chegada dos meus filhos, percebi que a rotina que eu levava antes deixou de fazer sentido. Buscar flexibilidade, prazer e propósito foi um chamado. Deixar ir o que já não cabe, e o que muitas vezes o mundo espera de você, não é fácil. Nem sempre é entendido pelas pessoas ao nosso redor. Mas hoje, levo uma vida muito mais alinhada com meus valores.

Urano: Rompimento sem aviso prévio
Urano é o planeta do inesperado. Ele representa as quebras de padrão, os despertares súbitos, aquilo que vira a mesa quando a gente menos espera. Na mitologia, Urano era o céu estrelado, o símbolo do infinito, da expansão, daquilo que está além do que conseguimos controlar.

Seus trânsitos costumam ser imprevisíveis. Às vezes vêm como uma inquietação que não sabemos explicar. Outras vezes, como uma mudança brusca: uma demissão, mudança de país, separação, casamento...de repente. Urano pede coragem mesmo que isso incomode, mesmo que isso desorganize o que parecia “seguro”. Esses momentos podem parecer caóticos, mas abrem espaço para a liberdade, a coerência interna.

Concluindo

Renascer em tempos de crise e transformação passa por entender o a vida está nos pedindo. Entender os ciclos é uma forma de viver em sintonia com o tempo da alma. Quando aceitamos que tudo tem um início, meio e fim, nos libertamos da pressa e do controle. Acredito que olhar por essa lente — e usar a astrologia como ferramenta de autoconhecimento — não nos dita o que fazer, mas nos convida a colocar cada crise, tensão ou ruptura em seu devido lugar. E, a partir disso, renascer mais fortes e conscientes.

Artigo produzido por:

Milena Ruffino

Engenheira de formação, astróloga por paixão e mentora de mulheres em movimento — especialmente mães empreendedoras e expatriadas. Foram 15 anos na Natura, atuando com inovação, desenvolvimento de produtos e economia circular, até que em 2024, se despediu para viver um novo ciclo no México com minha família. Hoje, une a bagagem corporativa ao olhar simbólico da astrologia para apoiar mulheres a se reconectarem com quem realmente são, com propósito e autonomia.

Os textos apresentados no "Blog B2Mamy" são de autoria da Comunidade. Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial e/ou a opinião da B2Mamy.

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