Por que algumas crianças ficam tristes no próprio aniversário? Uma perspectiva neuroeducacional
May 22
/
Lari Menezes

Você já viu uma criança chorar no dia do próprio aniversário? Já presenciou o momento em que, cercada de balões, presentes e pessoas queridas, a criança se isola ou parece profundamente incomodada? Talvez até se identifique com essa experiência, visto que, curiosamente, isso não é algo exclusivo da infância: muitos adultos também se sentem mais sensíveis, introspectivos ou até melancólicos no próprio aniversário. Mas por quê?
Embora soe paradoxal, esse fenômeno tem fundamentos sólidos na neuroeducação e na psicologia do desenvolvimento.
A EXPERIÊNCIA
O aniversário não é apenas uma data comemorativa. É um marcador de ciclo — Comunica, mesmo que de forma não verbal: “você cresceu”, “agora é diferente”, “você mudou de fase”.
Algumas crianças, especialmente entre os 2 e 8 anos, ainda não têm vocabulário emocional suficiente para nomear tudo o que sentem, então acabam reagindo com: choros, birras, bloqueios, rejeições, comportamento agressivo ou retraído. Muitas vezes, a reação que os adultos interpretam como “manha”, “vergonha” ou “ingratidão” é, na verdade, um pedido para compreender algo maior.
O PARADOXO
Essa mesma ambivalência também se manifesta em adolescentes e adultos (mesmo sem festas). Datas comemorativas ativam o sistema límbico, responsável pelas emoções e pelas memórias afetivas.
Às vezes, o dia do aniversário carrega lembranças dolorosas de perdas, decepções, traumas ou experiências não resolvidas — ainda que inconscientemente.
QUEBRA DE ROTINA
De acordo com Sroufe (2005), a previsibilidade da rotina é um dos principais reguladores emocionais na infância. Os aniversários rompem com a estrutura habitual do dia a dia. Há pessoas diferentes, locais desconhecidos, mudanças no horário de sono e alimentação.
Ainda que esses elementos sejam positivos aos olhos dos adultos, para uma criança, representam uma avalanche de estímulos novos e imprevisíveis.
COBRANÇAS E SOBRECARGA
Uma das maiores armadilhas emocionais dos aniversários é a exigência de felicidade. Frases como “mas hoje é o seu dia!” ou “você deveria estar mais feliz!” muitas vezes desconsideram o estado emocional real da pessoa. Adler (1927) já alertava sobre como a tentativa de forçar determinadas emoções em nome de convenções sociais e expectativas alheias pode causar o efeito contrário.
Em adultos, a psicologia reconhece essa experiência como birthday blues, e ela é marcada por um certo desconforto diante da celebração. Além disso, música e vozes altas, luzes piscando, cheiros intensos ou roupas desconfortáveis podem deixar o cérebro em estado de alerta.
A teoria da sobrecarga sensorial — discutida por Sroufe (2005) e outros estudiosos — aponta que a criança tem uma capacidade limitada de processamento de estímulos simultâneos. Ao ultrapassar esse limite, é natural que ela reaja com sinais de colapso emocional.
HOLOFOTES
Embora algumas crianças adorem ser o “centro”, outras se sentem extremamente desconfortáveis nessa posição. A ansiedade social pode começar a emergir ainda na primeira infância, especialmente em situações onde há muitas pessoas observando ou expectativas explícitas de desempenho (como cantar, agradecer ou posar para fotos). Essa pressão silenciosa pode gerar sensações de medo ou desconforto profundo.
CONCLUSÃO
A infância é um território sensível. Num único dia, a criança pode experimentar empolgação, estranhamento, frustração, orgulho e timidez ao mesmo tempo. Imagine como é viver tudo isso sob os olhares de uma plateia de adultos com celulares nas mãos e expectativas nas alturas?
Chorar, se isolar ou não querer participar do “parabéns” pode ser uma forma de regulação. A criança não está “estragando” a festa. Ela está apenas tentando se proteger de um turbilhão interno. Se para nós adultos é algo válido, porque para elas não seria?
O QUE FAZER? (Em todas as idades)
● Acolha sem julgar
● Valide os sentimentos
● Dê previsibilidade
● Respeite seu ritmo individual
RESPEITO
Na Arié Recreações, nosso maior compromisso é com o protagonismo da criança. Criamos festas e vivências onde a emoção tem espaço e a escuta ativa vem antes do roteiro. Entendemos que a infância não é um espetáculo — é uma travessia. E cada aniversário é uma oportunidade de honrar esse caminho com presença, criatividade e muito afeto.
Embora soe paradoxal, esse fenômeno tem fundamentos sólidos na neuroeducação e na psicologia do desenvolvimento.
A EXPERIÊNCIA
O aniversário não é apenas uma data comemorativa. É um marcador de ciclo — Comunica, mesmo que de forma não verbal: “você cresceu”, “agora é diferente”, “você mudou de fase”.
Algumas crianças, especialmente entre os 2 e 8 anos, ainda não têm vocabulário emocional suficiente para nomear tudo o que sentem, então acabam reagindo com: choros, birras, bloqueios, rejeições, comportamento agressivo ou retraído. Muitas vezes, a reação que os adultos interpretam como “manha”, “vergonha” ou “ingratidão” é, na verdade, um pedido para compreender algo maior.
O PARADOXO
Essa mesma ambivalência também se manifesta em adolescentes e adultos (mesmo sem festas). Datas comemorativas ativam o sistema límbico, responsável pelas emoções e pelas memórias afetivas.
Às vezes, o dia do aniversário carrega lembranças dolorosas de perdas, decepções, traumas ou experiências não resolvidas — ainda que inconscientemente.
QUEBRA DE ROTINA
De acordo com Sroufe (2005), a previsibilidade da rotina é um dos principais reguladores emocionais na infância. Os aniversários rompem com a estrutura habitual do dia a dia. Há pessoas diferentes, locais desconhecidos, mudanças no horário de sono e alimentação.
Ainda que esses elementos sejam positivos aos olhos dos adultos, para uma criança, representam uma avalanche de estímulos novos e imprevisíveis.
COBRANÇAS E SOBRECARGA
Uma das maiores armadilhas emocionais dos aniversários é a exigência de felicidade. Frases como “mas hoje é o seu dia!” ou “você deveria estar mais feliz!” muitas vezes desconsideram o estado emocional real da pessoa. Adler (1927) já alertava sobre como a tentativa de forçar determinadas emoções em nome de convenções sociais e expectativas alheias pode causar o efeito contrário.
Em adultos, a psicologia reconhece essa experiência como birthday blues, e ela é marcada por um certo desconforto diante da celebração. Além disso, música e vozes altas, luzes piscando, cheiros intensos ou roupas desconfortáveis podem deixar o cérebro em estado de alerta.
A teoria da sobrecarga sensorial — discutida por Sroufe (2005) e outros estudiosos — aponta que a criança tem uma capacidade limitada de processamento de estímulos simultâneos. Ao ultrapassar esse limite, é natural que ela reaja com sinais de colapso emocional.
HOLOFOTES
Embora algumas crianças adorem ser o “centro”, outras se sentem extremamente desconfortáveis nessa posição. A ansiedade social pode começar a emergir ainda na primeira infância, especialmente em situações onde há muitas pessoas observando ou expectativas explícitas de desempenho (como cantar, agradecer ou posar para fotos). Essa pressão silenciosa pode gerar sensações de medo ou desconforto profundo.
CONCLUSÃO
A infância é um território sensível. Num único dia, a criança pode experimentar empolgação, estranhamento, frustração, orgulho e timidez ao mesmo tempo. Imagine como é viver tudo isso sob os olhares de uma plateia de adultos com celulares nas mãos e expectativas nas alturas?
Chorar, se isolar ou não querer participar do “parabéns” pode ser uma forma de regulação. A criança não está “estragando” a festa. Ela está apenas tentando se proteger de um turbilhão interno. Se para nós adultos é algo válido, porque para elas não seria?
O QUE FAZER? (Em todas as idades)
● Acolha sem julgar
● Valide os sentimentos
● Dê previsibilidade
● Respeite seu ritmo individual
RESPEITO
Na Arié Recreações, nosso maior compromisso é com o protagonismo da criança. Criamos festas e vivências onde a emoção tem espaço e a escuta ativa vem antes do roteiro. Entendemos que a infância não é um espetáculo — é uma travessia. E cada aniversário é uma oportunidade de honrar esse caminho com presença, criatividade e muito afeto.

Artigo produzido por:
Lari Menezes
Neuroeducadora, técnica esportiva, artista e empreendedora com 8 anos de experiência com crianças. CEO da Arié Recreações, responsável parte artística e criativa, lidera uma equipe de 70 pessoas. Possui um projeto chamado Autonomia de Brincar e através dele está voltando a escrever artigos, realizar pesquisas e, junto a Arié, criar e oferecer vivências e experiências afetivas em eventos de todos os tipos e portes.
Os textos apresentados no "Blog B2Mamy" são de autoria da Comunidade. Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial e/ou a opinião da B2Mamy.

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