Desabafo de uma mãe cansada, que não desiste nunca!

Nov 27 / Gisele Ribeiro

Às vezes, navegando pelo Linkedin me dá uma certa nostalgia... da época em que eu procurava "emprego" ou era CLT em alguma empresa nos grandes centros de São Paulo. E por mais que certos benefícios desses trabalhos me atraiam hoje, não consigo mais me ver conseguindo uma oportunidade. É impossível. E não é questão de currículo, mas de... vamos aos fatos:

 1) Mulher, 49 anos.
Não existe mais mercado para nós mulheres acima de 40? 30 anos? Já somos excluídas pelo gênero e pela idade.

2) Mãe solo de 2 crianças de 10 e 13 anos. Mesmo com rede de apoio é impossível conseguir cumprir as escalas de trabalho disponíveis no mercado. Fora o preconceito por ser "sozinha" (não que quando eu era casada tivesse alguma diferença, pois todas as responsabilidades sempre foram minhas).

3) Uma filha com Síndrome de Down... Aí é o xeque-mate para ser descartada... são inúmeras demandas: médicos, exames, terapias. Nenhuma empresa quer, ninguém entende. Eu entendo também a posição das empresas, mas será mesmo que não existe nenhuma oportunidade para nós, mães atípicas?

O Home Office até é uma opção, mas a maioria das empresas não entende nossa rotina, nossa vida insana. Hoje foi um dia que me senti uma "Mãe Uber", já levei na terapia, voltei; levei meu filho para a escola, voltei; levei minha filha para a outra escola, voltei... marquei exame, chequei reembolso médico, agendei avaliação em uma nova terapia e ainda tento trabalhar antes de sair para pegar cada um em uma escola. Adiei o supermercado porque não vai dar tempo.

Trabalho com o que dá, nunca recuso uma oferta de renda dentro das minhas possibilidades. Divulgo meu livro e palestras, atendo clientes de reiki, faço algumas criações de marketing, vendo o que aparece... tudo isso no tempo que [não] me sobra.

Toda essa carga é exaustiva, é cruel para uma pessoa sozinha. Fora o mental. Então a gente (mãe/mulher) se vira como pode. Faz seus "corres" como se diz aqui em São Paulo. Mas nunca é o suficiente, sempre falta, a conta nunca fecha; a mente cobra, a sociedade cobra, os familiares cobram... mas os filhos não, estes nos olham como verdadeiras heroínas [que não somos], como suficientes para tudo e o sorriso e o abraço de agradecimento deles... vale cada esforço, cada minuto dedicado.

E a gente segue, um dia de cada vez, às vezes em alta, às vezes em baixa e espera por um milagre, por um caminho mais leve, por um reconhecimento.

Esse é só um desabafo de uma mãe cansada, que não desiste nunca. 

Artigo produzido por:

Gisele Ribeiro

Autora do livro “Diário de uma mãe nada especial”. Escritora, palestrante e terapeuta holística. Mãe solo do Rafael, de 13, e da Sara, de 10 anos. Ajuda mães típicas e atípicas a transformarem suas vidas, compartilhando sua história e como lida no dia a dia com os desafios da maternidade. Inspirando-as a se cuidarem e serem mulheres, antes de serem mães; deixando a vida mais leve, encontrando o bem-estar e sendo mais produtivas.

Os textos apresentados no "Blog B2Mamy" são de autoria da Comunidade. Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial e/ou a opinião da B2Mamy.